Comité Central, quarta-feira, junho 22, 2005
Balada da Lama
Batem leve, levemente
como quem chama por mim
será preto, será gente?
gente não é certamente
e preto não bate assim.
É talvez a ventania...
Mas há pouco, poucochinho,
nem um macaco bulia
na quieta melancolia
dos coqueiros do caminho.
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
não é preto, nem é gente,
nem é turra com certeza.
Fui ver... a chuva caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, mas não fria
há quanto tempo a não via!
e que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça,
está tudo num torvelinho,
passa preto e, quando passa,
os passos imprime e traça
no barrento do caminho.
Fico olhando esses sinais
do pobre preto que avança,
e noto, entre os demais,
os traços miniaturais
duns pézitos de criança.
E descalcinhos, doridos
a lama deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!
Que preto já calmeirão
sofra tormentos, enfim!
Mas os pretinhos, Patrão,
porque lhes dais tanta aflição?
Porque padecem assim?
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai chuva na Natureza
e lama no meu coração.
ALCUSTO CHILE
como quem chama por mim
será preto, será gente?
gente não é certamente
e preto não bate assim.
É talvez a ventania...
Mas há pouco, poucochinho,
nem um macaco bulia
na quieta melancolia
dos coqueiros do caminho.
Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
não é preto, nem é gente,
nem é turra com certeza.
Fui ver... a chuva caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, mas não fria
há quanto tempo a não via!
e que saudades, Deus meu!
Olho-a através da vidraça,
está tudo num torvelinho,
passa preto e, quando passa,
os passos imprime e traça
no barrento do caminho.
Fico olhando esses sinais
do pobre preto que avança,
e noto, entre os demais,
os traços miniaturais
duns pézitos de criança.
E descalcinhos, doridos
a lama deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!
Que preto já calmeirão
sofra tormentos, enfim!
Mas os pretinhos, Patrão,
porque lhes dais tanta aflição?
Porque padecem assim?
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai chuva na Natureza
e lama no meu coração.
ALCUSTO CHILE
Bocas da reacçãm:
Virou poeta... que bonito :)
Censuro o verso "será preto, será gente"... tss tss..isso não é bonito...
Iste foi por causa do poste da tovarisch Gina no BlogKOZ.
De repentemente deu-me a veia poética. Confesso que já tava c'os neurórios a meio da reserva senão não atinava com a rima.
Como tínhamos estado a discutir a questão da melanina resolvi adaptar uma coisita do Augusto Gil para ver como o pessoal reage.
Sempre quero ver se é assim tudo tão xeno, pelo menos em função da melanina...
Obrigado por teres deixado um comentário no meu covil.
Mas quero lembrar-te que esses factos ocorreram há mais de 20 anos.
Agora estou reformado das lides nocturnas.
Pelo menos é o que consta dos registos...eh eh eh
Abraço
Mandar uma boca
«« Sala de Entrada
Virou poeta... que bonito :)
Censuro o verso "será preto, será gente"... tss tss..isso não é bonito...
Iste foi por causa do poste da tovarisch Gina no BlogKOZ.
De repentemente deu-me a veia poética. Confesso que já tava c'os neurórios a meio da reserva senão não atinava com a rima.
Como tínhamos estado a discutir a questão da melanina resolvi adaptar uma coisita do Augusto Gil para ver como o pessoal reage.
Sempre quero ver se é assim tudo tão xeno, pelo menos em função da melanina...
Obrigado por teres deixado um comentário no meu covil.
Mas quero lembrar-te que esses factos ocorreram há mais de 20 anos.
Agora estou reformado das lides nocturnas.
Pelo menos é o que consta dos registos...eh eh eh
Abraço
«« Sala de Entrada