Comité Central, segunda-feira, outubro 03, 2005
Maestros Portugueses
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há propaganda às carradas pelo chão.
Na nossa aldeia com toda a certeza!
Vai passar uma eleição.
Mesmo na frente, marchando a compasso,
De fardas novas, vem o Xô Major.
Quando a gente lhe acena com o braço,
Logo o barbudo diz que é o maior.
Olha em Felgueiras, tão bem alinhados!
Que se ela é presa vai tudo num fole.
Trazem ao ombro os votos contados,
E os saquinhos rebrilham ao sol.
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há propaganda às carradas pelo chão.
Na nossa aldeia com toda a certeza!
Vai passar uma eleição.
Olha os irmãos da outra confraria!
Muito solenes nas fotos diferentes!
Ninguém supôs que esta aldeia havia
de ficar com caras tão transparentes!
Ai, que bonitos que vão os betinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva o carro dos paizinhos.
E o mais pequeno leva um grão na asa!
Tocam os sinos na torre da igreja,
Há propaganda às carradas pelo chão.
Na nossa aldeia com toda a certeza!
Vai passar uma eleição.
Pelas janelas, as mães e as filhas,
Que coisas ricas, formando troféu.
Por entre os rostos, por trás das mantilhas,
Há pra lá umas que ele já comeu!
Com o calor, vai ficando aflito.
E o povo abraça ao passar em redor.
Não há na linha nada mais esquisito
Que estes passeios do grande estupor!
Tocam os sinos na porra da igreja,
Há propaganda às carradas pelo chão.
Na nossa aldeia com toda a certeza!
Vai ficar um aldrabão.
António Lopes Riacho