Comunicades deste mês

Comité Central, domingo, novembro 20, 2005

  Intelligent design

Tovarisches
Apareceu por aí uma teoria 'malaica' no país dos capitalistes: a treta do 'Intelligent Design'...
Segundo alguns totós americanes a teoria do evolucionismo de Darwin não chega para explicar a evolução da vida.
Querem meter aqui a mão Divina, ou algo parecido.

Isto escandalizou o nosso Comité onde, graças a Deus, somos todos ateus!
A coisa está a espalhar-se pelos States como o fogo de Verão pelas nossas matas. Querem tornar esta pseudo-teoria pseudo-científica como pseudo-matéria de ensino obrigatório nas escolas. Esta coisa ridícula já chegou a tribunal, lá num dos Estados, e ganhou. Também querem tirar o Evolucionismo da matéria ensinada nas escolas, parece que o consideram como sacrilégio...

Claro que um dos maiores proponentes e apoiantes desta balela é o grupo religioso maioritáriamente apoiante de Bush. Que espanto, não é? Acham, naturalmente, que Deus criou os americanos e, secretamente, que o resto do mundo é obra do Diabo. E nós a pensar que a Idade Média já tinha acabado...

Recentemente uma exposição sobre Darwin foi incapaz de obter 3 milhões de dólares de fundos das empresas americanas (o que lá são trocos) para se financiar, enquanto os criacionistas, os tais da treta, fácilmente conseguiram arranjar 7 milhões. Uma recente sondagem da CBS mostrou que 51% dos americanos rejeita a teoria da evolução e acredita que Deus criou o homem (leia-se o americano) na sua presente forma. 38% acha que o criacionismo devia ser ensinado nas escolas em vez do Evolucionismo. Nisto e noutras coisas estão cada vez mais perto dos extremistas islâmicos. Da maneira como os tempos mudam ainda havemos de ver o Papa a defender o Evolucionismo.

Mas chega de parvoíces, há uma forma muito simples de provar que o 'Design Inteligente' é uma falsa teoria:
Nenhuma Entidade mínimamente inteligente teria conseguido desenhar alguém tão burro como George W. Bush!
Só mesmo a selecção natural, num país de idiotas onde isso é uma vantagem, poderia ter gerado o idiota supremo...
Q.E.D.

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Comité Central, quinta-feira, novembro 10, 2005

  É só a gozar...

- A fundação Mário Soares recebeu mais de 867 mil euros do Estado nos últimos 3 anos. Soares diz que é perfeitamente natural...
- Na proposta do Orçamento de Estado para 2006 as despesas dos Gabinetes dos Ministros aumentam em 12%...
- O défice diário dispara e aumentou 7,7% em Agosto...
- Portugal vai perdoar “na íntegra” a dívida de Moçambique...

Que pergunta um cidadão idiota, que lê as notícias..., a quem aumentaram os impostos e ou lhe congelaram os aumentos ou lhe oferecem 10 euros, e que por isso se vê à rasca para dar de comer e vestir os filhos:
- Posso receber umas largas coroas do Estado, a fundo perdido, e aumentar ainda em 12% as minhas despesas no próximo ano que depois me perdoam integralmente as dívidas, posso, posso?


Entretanto o BCP propõe a transferência para o Estado do fundo de pensões dos seus trabalhadores, uma medida que, a verificar-se ainda em 2005, faria baixar o défice dos previstos 6,2 para 3,3 por cento. Vieira da Silva disse públicamente que desconhece esta proposta do BCP.

Porém, segundo fontes geralmente mal informadas e muito venenosas, off record terá expressado mais ou menos o seguinte ponto de vista:
- ...da-se, temos um trabalho do 'caraças' para convencer Bruxelas a deixar-nos esburacar o défice às claras, arranjamos uma desculpa perfeita para aumentar todos os impostos e esmifrar os Portugueses para lá do máximo, à pala disso ainda retirámos 'privilégios' a uma data de lambões de quem não gostamos, e que ainda por cima nos chateiam, quase conseguimos no primeiro ano massa para avançar com umas 'obrazitas' chave que nos vão com certeza garantir um futurozito mais desafogado, e estes gajos querem agora lixar-nos o buraco do défice...
Raios os partam!
Guardem lá essa porcaria para o último ano do mandato, que grandes idiotas que são estes gajos.
Parecem quase funcionários públicos...

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Comité Central, quarta-feira, novembro 02, 2005

  Babdas em círculo dissidente

Chega de posts a sério, o que a gente precisa mesmo é de rir...

O telejornal da TVI mostrou como uma vaga de mosquitos minúsculos invadiu a Madeira.
"- Mute pequenos, parciem sombras, piquem-nos e a gente nem os vê, tô toda chea de babdas" disse uma senhora, "- São invesívês, disserem-me pra cobri o corpe tode com vaselina pra eles na picarem, tenhe as costas chês de babdas" disse outra.

Mas a grande notícia parece ser que o raio dos mosquitos, mesmo invisíveis, não conseguiram picar o Dr Alberto João Jardim para lhe fazerem algumas das famosas "babdas". Portanto não são do "contenente" nem da Madeira, são mesmo mosquitos importados que não sabiam onde ele morava.

Entretanto há dias foi noticiado o lançamento do primeiro satélite integralmente construído por estudantes europeus, do projecto Sseti. Na notícia um nervoso estudante do Técnico dizia, no início do lançamento depois do fogetão já estar bem alto, que ainda não se podia ter a certeza que estava tudo bem com o lançamento pois o foguetão ainda podia entrar em "trajectória dissidente".

A gente sabe que o foguete lançador era Russo e que o lançamento foi feito na Rússia. Mas alguém que explique áquele menino que mesmo quando havia União Soviética e dissidentes, os foguetões, quando o lançamento corria mal, costumavam entrar em trajectória descente e caíam na Terra, independentemente das dissidências políticas que pudessem ter com o regime de onde tinham levantado vôo.

Ai, ai, que mal anda a escola primária quando artistas destes chegam à Universidade com graves "dissidências" no saber.

Melhor que esta só a daquela menina que há uns anos lia notícias no telejornal da RTP e conseguiu ler consistentemente, na mesma notícia e por várias vezes, "hemicírculo" de S. Bento e "círculo" político em vez de hemiciclo de S. Bento e ciclo político. Ou será que no teleponto estava mesmo assim?

Ainda se lesse "hemicirco" de S. Bento e "circo" político a gente entendia o porquê...

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Comité Central, terça-feira, novembro 01, 2005

  Otas & otários





O Ministro das Obras Públicas voltou à carga com a história do TGV e do novo aeroporto. Depois de no governo ter afirmado que que estava insatisfeito com a actual solução de construção na Ota e que no próximo ano só se iam fazer estudos (que ou não há ou não são públicos) porque o país 'tá de parra (de tanga era no tempo do outro). Agora numa reviravolta supreendente o mesmo Ministro das Obras Públicas vem dizer que "yes, tamos nessa" e Sócrates diz que afinal a Ota e o TGV são compatíveis com o rigor orçamental.

Vai custar 3.000 milhões de euros, dos quais o estado "só" vai entrar com 10%, ou seja, 300 milhões. Alguém que se lembre do Centro Cultural de Belém, da Expo 98, da Ponte Vasco da Gama, do Euro 2004, etc., acredita nisso? Seguindo o exemplo daqueles projectos o total do aeroporto e obras acessórias não vai ficar em menos de 5.000 milhões de euros e o estado não deve gastar menos de 1.000 ou 1.500 milhões de euros nisso.

E qual é a necessidade, funcionalidade e adequabilidade desta megalomania? É necessária, há alternativas? As previsões de crescimento de tráfego são realistas? Alguém se lembra de Sines? Não vamos ter aqui um novo elefante branco, ou neste caso, cor de rosa?

Ninguém sabe. Não há estudos sérios que sejam do conhecimento público e que justifiquem esta opção. O que se sabe é que há lobbies poderosos por detrás de tudo isto e que o lobbie da Ota parece que ganhou.

Mudam-se os tempos mudam-se os lobbies. Quando a localização da Ponte Vasco da Gama foi escolhida justificou-se esta, em detrimento da muito mais lógica, curta e barata opção multifunções rodo-ferroviária Barreiro-Chelas, com a localização do novo aeroporto em Rio Frio. Mas essa localização tinha poucos terrenos disponíveis onde especular. Então movimentaram-se os cartéis, compraram-se os terrenos para especular no Montijo e a ponte fez-se. Agora são necessários novos terrenos com que especular, novos lobbies entram em cena e a Ota salta prá frente. O novo aeroporto até já tem um site...

Técnicamente a escolha não podia ser pior, a não ser que o quisessem fazer no cimo da Serra da Estrela. A construção vai ser uma dor de cabeça, há montes e elevações nas zonas circundantes de aproximação, obstáculos e povoações à volta, linha férrea na cabeceira das pistas e a coisa fica num terreno que está permanentemente meio alagado conforme mostram estas fotos do local de construção. Sem dúvida, o sítio ideal para construir o novo aeroporto de Lisboa, mesmo, mesmo ao lado de Lisboa. Além disso está no meio de uma zona ecológica protegida, se bem que isso pouco interesse aos lobbies. Quem quiser obter alguns pormenores mais técnicos da construção e da problemática ecológica pode visitar o Alambi

Mas para quem anda nestas coisas do ar será que a escolha faz algum sentido?
Difícilmente um aeroporto 50 Km mais a norte faz alguma diferença. Contudo também não o faz se for para sul, para leste ou para oeste. Em termos de clima é o mesmo, desde que as ajudas à navegação, aproximação e aterragem sejam boas não deve haver grande problema. O principal são as restrições por causa das zonas habitadas e os obstáculos nas zonas de aproximação. E a Ota tem má nota em ambos.

Qual era o local ideal de todos os que se falou? Francamente Rio Frio.
Situa-se numa zona plana, sem obstáculos e sem grandes restrições devido a áreas habitadas. As pistas podem ter quilómetros, a área pode ser resguardada para extensão, quer no número de pistas quer no comprimento destas, o terreno é seco e a construção facilitada. Num imprevisto as zonas circundantes são planas e de fácil acesso. Está a 3 Km da autoestrada e a 14 Km da Ponte Vasco da Gama. Parece bom demais para ser verdade?

Mas é, por isso é que a Ota foi escolhida...
Está a 50 Km de Lisboa, necessita de muito mais construção, complicada e cara e de um novo ramal de autoestrada. Também requer obras adicionais para fazer passar por ali TGVs, túneis, viadutos e demais coisas para conseguir fazer tudo isto circular. Além disso acede-se a Lisboa pela autoestrada do Norte, um acesso nada congestionado. Pois é, mas a construção civil precisa de estímulo e a Ota tem por trás os lobbies certos neste momento.

Agora pergunta-se, mas precisamos mesmo de construir um novo aeroporto megalómano? Não haveria soluções mais baratas? Assim como assim somos um país teso, sem guita, sem caroço, não dava jeito poupar uns cobres? Bem, se não "investirmos" no aeroporto não conseguimos ir buscar verbas para isso à União Europeia. E se não formos buscar lá massas os lobbies não se podem encher. Se os lobbies não se encherem não vai haver lembranças para ninguém neste governo e associados. Também não entra nem se dispende mais dinheiro no país, a economia não descola e ficamos cada vez mais na mesma. É um dilema do 'caraças'...

Mas há soluções mais lógicas para o problema, que passam, desde logo, por manter o aeroporto da Portela a funcionar. Não faz o mínimo sentido desperdiçar todo o dinheiro que está lá enterrado. Só que isso vai cortar as pernas aos especuladores que já se posicionam nos terrenos à volta do actual aeroporto e se preparam para deitar as luvas ao terreno do próprio aeroporto. É um "negócio" imobiliário várias vezes melhor que o dos terrenos da Ota. Aquilo vai ser a nova alta de Lisboa. Quando chegar a altura aqueles terrenos não vão valer menos de 500 milhões de euros. Estes lobbies estão-se nas tintas para onde vai o novo aeroporto desde que o velho sai dali.

Quem anda no chão pode não perceber muito bem a configuração espacial da coisa. É preciso ter a cabeça no ar, bem lá no alto, para ver que sentido fazem as várias propostas e que sentido fazem as alternativas. Hoje em dia já nem é preciso ir à Força Aérea pedir fotografias ou arranjar cartas aéreas do espaço nacional: basta ir ao Google Earth para se poder ter uma noção da coisa.


Vejamos uma vista aérea de Lisboa com a indicação das principais pistas actuais. Tirando Portela e Cascais o resto são tudo aeródromos militares:




Este é o aspecto do aeroporto da Portela visto de cima. Aqui estão as suas características:




Esta é a Base Aérea do Montijo, que tem estas características e a pista principal não está exactamente à míngua, ainda pode crescer:




Este é o aeródromo de Alverca, que tem estas características:



Estes 3 sítios são a base de uma solução alternativa que é viável, prática, muito mais barata e se traduz por um melhor aproveitamento dos equipamentos existentes em vez de se embarcar em projectos megalómanos. Trata-se de desactivar a Base Aérea do Montijo, que tem um dos traçados mais bonitos que se conhecem e que está completamente subaproveitada, e fazer daquilo um aeroporto alternativo, ou de preferência principal. Pegar no aeródromo de Alverca e transformá-lo num aeroporto para voôs domésticos. Os 3 em conjunto concerteza que assegurariam as necessidades de tráfego por muito mais décadas, são todos perto de Lisboa e já estão meio construídos. Além disso, problemas num deles não afectariam os outros permitindo que os alternativos continuassem a funcionar e nisto, como em tudo, nunca se devem pôr todos os ovos no mesmo cesto. A história do "espaço aéreo congestionado" não pega, senão um novo aeroporto único tinha à partida esse problema. Não são as localizações ideiais em termos de aviação, mas já lá estão. Claro que seriam bem mais baratos e não haveria muito por onde os lobbies pudessem especular, portanto é uma solução que não interessa.

Vejamos pois as alternativas de um aeroporto megalómano: Ota e Rio Frio.


Este é o enquadramento e a localização das duas alternativas na zona de Lisboa:




Isto é o actual aeródromo da Ota, na zona de Alenquer, que tem estas características. A zona de construção do novo aeroporto, a 50 Km de Lisboa pela autoestrada do Norte, situa-se em área protegida, existem montes e elevações nas zonas de aproximação, povoações à volta, linhas férreas na cabeceira das futuras pistas e está em terreno parcialmente alagado:






Isto é a pista privada situada na herdade de Rio Frio, em Pinhal Novo, mais ou menos na zona onde se propõe a construção do aeroporto e que actualmente tem estas características. Está situada numa zona completamente plana e livre apenas com sobreiros e algumas instalações da herdade, sem zonas de habitação ou linhas férreas à volta, circundada com terrenos agrícolas, que havia todo o interesse em manter a bem dos imprevistos aéreos, mais ou menos a 3 Km da autoestrada...


... e a 14 Km da ponte Vasco da Gama:



Agora digam lá qual é a melhor localização, qual é?
A Ota, claro, é a que tem o bolso mais fundo!

O problema é que, para se encherem alguns, estão a empenhar deliberadamente o futuro de todos os nossos filhos.
Não se esqueçam que 'à pala' de coisas destas ainda estamos a pagar Cabora-Bassa...

Mayday, mayday...

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